Mulheres, vamos falar sobre o que nos faz íntegras, plenas, autônomas?
Você já deve ter se deparado com o termo Autonomia.
Em tempos de individualismo dominante, assegurar o significado da palavra é uma tarefa árdua, sensível e fundamental.
O dicionário, como a definição kantiana, mantém-se próximo à carga que a etimologia nos traz: do grego, AUTO – próprio, de si mesmo – se une a NOMOS – “nomes”, isto é, normas, regras. Autonomia, então, é para nós o estado de normatizarmo-nos por nós mesmas, a capacidade de governarmo-nos pelos nossos próprios meios.
Existimos, por ora, em uma realidade social na qual não é possível aos corpos viver com
plenitude, mas resistir, a duras custas. Especialmente os corpos femininos são convertidos simbolicamente em mercadoria, objeto de consumo, de subjugação e de uma sexualização distorcida. Como, então, resgatar o estado de Autonomia desses corpos?
A proposta aqui é que procuremos construir uma existência mais pautada pela liberdade
vinda da cooperação e colaboração, da corresponsabilidade entre pessoas, que encontra
base na importância de conhecer amplas possibilidades de subsistência, de relação e ação, sempre tocantes às demandas do corpo: alimentação, saúde, segurança, vivacidade, prazer, afeto, expressão.
Na prática, isso significa que buscar conhecimento pode ser a chave para (re)descobrir e
(re)construir modos de viver que nos aproximem da Autonomia. E esse conhecimento é uma via de mão dupla: conhecer a nós mesmas nos leva a compreender melhor o Mundo, e conhecer o Mundo nos leva a compreender melhor a nós mesmas. Ambos os movimentos são necessários.
Por falar em movimentação, no que diz respeito ao corpo, façamo-nos um convite: repensar onde e de que forma aprendemos a nos tratar de determinado modo. Por que caminhamos assim? Por que nos movemos desse jeito? Etc.
A resposta interior é importante nesse processo de questionamento, mas é preciso mais:
vamos investigar com profundidade as origens, as raízes do que somos , também na cultura e sociedade em que vivemos. Lançar atenção à forma como outras culturas e sociedades vivem, por exemplo, pode nos dar pistas de que existem muito mais alternativas e possibilidades de movimento, comportamento e estado do que aquelas que estamos habituadas a ver com certa naturalidade ao nosso redor – ou dentro de nós!
Com esse exercício, compartilhe em seus círculos de mulheres as surpresas, novas constatações e transformações que os gestos de questionar, investigar e identificar o caráter social-cultural do comportamento te trarão. Você sentirá o poder de reconstruir o Seu Movimento!
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Bárbara Côrtes fundou o projeto Seu Movimento em 2016, com a conceituação de sua proposta Dança Autonomia. É Antropóloga pela USP, bailarina e poeta. Seu trabalho corporal passa pelo contato com diferentes frentes – Dança Contemporânea, Dança Vertical, Danceability®, e segue como um processo de pesquisa contínuo do corpo agente nas relações e no espaço social urbano, a partir do qual a pesquisadora ministra hoje o curso Dança (e) Autonomia.
Para saber mais sobre Antropologia, relação Corpo-Cidade, Cultura e Sociedade, siga @seumovimento
Bárbara Côrtes
Antropóloga
(15) 9 9118 2533